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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Poesia da Matemática

Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita
Olhou-se com um olhar inumerável
E viu, do ápice à base
Uma figura impar
Olhos onbóides, boca trapezóide
Corpo octogonal, seios esferóides
Fez da sua
Uma Vida
Paralela a dela
Até que se encontraram
No infinito
"Quem és tu?", indagou ele
Com ânsia radical
"Sou a soma dos quadrados dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa"
E de falarem descobriram quem eram
_ O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs _
Primos entre si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa seta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam as convenção newtonianas e pitagóricas.
E, em fim, resolveram se casar
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma perpendicular
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
Sonhando com a felicidade
Integral
E diferencial
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Frequentador dos círculos concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma grandeza absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum,
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava um todo
Uma Unidade. Era um triângulo
Tanto chamado amorosa
Dessa problema ela era a fracção
Mais ordinária
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como, aliás, em qualquer
Sociedade

Milôr Fernandes

Professor Carlos Faria